Bateria, coração do samba
Quando o som da
avenida anuncia a largada da escola de samba, o cavaco e o violão de sete cordas entram
em cena, introduzindo a orquestra rítmica de couros, paus e ferros. Ao chamado do
repique, um choque de emoção põe em funcionamento o coração da escola de samba, que
pulsa mais forte no ritmo verde e amarelo. Não há quem fique indiferente ao apelo
irresistível da batucada. A orquestra percussiva vai tocar durante mais de uma hora
fornecendo o ritmo para as alas evoluírem, para o puxador de samba e as pastoras levarem
o samba-de-enredo e para as baianas rodopiarem com suas saias rodadas e rendadas. É o
maior espetáculo da terra conduzido por mãos de inspiração ancestral, que bordam o
asfalto com os sons que vieram da África, semearam e frutificaram de norte a sul do
país. Como os ogãs batiam no couro, chamando as divindades, suam os ritmistas no desfile
das escolas de samba, reverenciando valores permanentes da raça.
(Esse texto é colaboração de
Alexandre Machado e Julio Cesar, participantes da Tribuna
do Samba e Choro) |