PONTIFÍCIO COLÉGIO PIO BRASILEIRO
MISSA COM A ACOLHIDA DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA APARECIDA
QUINTA-FEIRA DA IV SEMANA DO TEMPO PASCAL
LITURGIA DA PALAVRA: At 13,13-25; Sl 88, 2-3. 21-22. 25.27; Jo 13,16-20
ROMA, 21.04.2016


A palavra do Evangelho que acabamos de ouvir se insere no contexto do Lava-pés, “durante a ceia”. Se não se trata da “ceia pascal”, trata-se da última ceia que Jesus tomou com seus discípulos, com acentuado endereçamento pascal, diante da iminência dramática do Mistério de sua Paixão, Morte e Ressurreição. Gostaria de acentuar três pensamentos, que o Senhor dirigiu aos seus discípulos e a nós hoje.

1.   “[...] o servo não está acima do seu senhor” (13,16). Jesus nos convida a distinguir quem é o servo e quem é o Senhor. Somos tentados a usurpar o lugar do Senhor. Na verdade, o Senhor é Jesus Cristo, que se fez servo, obediente até à morte e morte de cruz. Por isso, ele foi exaltado (cf. Fil 2,5-11). Nós somos servos, chamados a reconhecer o Senhor que nos “amou até o fim” e a ele configurar nossa vida e nosso ministério. Não nos deixemos confundir, somos servos, chamados a fazer o que o Senhor fez (13,15). Se compreendermos isso e o praticarmos, seremos felizes (cf. 13,17).

2.   “Eu conheço aqueles que escolhi” (13,18). Saber que o Senhor nos conhece causa-nos pavor e tranquilidade. O sentimento de pavor nos acomete ao saber que nada há de escondido em nós que seja ignorado pelo Senhor: nossos pensamentos mais recônditos, nossos juízos temerários, nossas fragilidades, tudo o que fazemos de escondido e de sujo. Foi conhecendo nossas podridões que o Senhor teve misericórdia de nós e nos escolheu. Isto nos faz evocar o mote do Papa Francisco: “miserando atque eligendo”. A escolha que o Senhor fez de nós, certamente, foi para preservar-nos de consequências tenebrosas. Eis a fonte de nossa tranquilidade.

3.   “Em verdade, em verdade vos digo, quem recebe aquele que eu enviar, me recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (13,20). O tema da acolhida nos remete à experiência profunda de Jesus Cristo em nossa vida. Para acolher é preciso conhecer e amar. Configurarmo-nos ao Senhor, em nossa vida e em nosso ministério, supõe conhecê-lo, amá-lo e acolhê-lo.

Após um drama interior terrível, Paulo conheceu, amou e acolheu o Senhor em sua vida. Por isso foi capaz de reconhecer-se servo e não Senhor. Por isso foi capaz de fazer a experiência da misericórdia de Deus em sua vida. Por isso foi capaz de lançar toda a sua existência na frutuosa missão de anunciar Jesus Cristo a povos desconhecidos. Na sinagoga de Antioquia da Psidia, o Apóstolo Paulo elabora uma recapitulação da história da salvação para fazer Jesus Cristo conhecido, amado e acolhido naquela comunidade.

Hoje, nesta Eucaristia que celebramos, acolhemos a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, recebida das mãos de Dom Raymundo Damasceno Assis, no Santuário Nacional, em missa concelebrada pelos Bispos do Brasil, no dia 13 último, durante a Assembleia Geral da CNBB. Com este gesto, nos unimos às dioceses e prelazias do Brasil que acolhem a imagem de Nossa Senhora, em preparação para celebrar, em 2017, os 300 anos do encontro da imagem pelos pobres pescadores, nas águas do Rio Paraíba.

Nossa Mãe querida nos vem ensinar a conhecer, a amar e a acolher bem Jesus Cristo. Ela que o conheceu, o amou e o acolheu em seu coração e em seu seio nos ensinará a fazer a experiência concreta de seu Filho bendito em nossas vidas e em nossa Comunidade. Visitando cada um de nós e os espaços de nossa casa, Nossa Senhora da Conceição Aparecida nos renderá as mais copiosas bênçãos do Pai das misericórdias.

Ao acolher a imagem peregrina de Nossa Senhora, suplicamos à nossa tão querida Mãe do céu que acolha, na Casa do Pai, nossa irmã Odete das Graças de Melo, que nos deu um de seus filhos como nosso irmão, na Comunidade do Colégio Pio Brasileiro, o Pe. Edvaldo Antonio de Melo. Rezemos, também, em solidariedade a todos os seus familiares, para que encontrem o conforto na fé cristã que não decepciona. Certamente, como pessoa de fé, mãe de um sacerdote, na pureza de sua religiosidade mariana, Dona Odete muitas vezes cantou: “Com minha Mãe estarei, na santa glória um dia, junto à Virgem Maria, no céu triunfarei. No céu, no céu, com minha Mãe estarei”. E repetia para não se esquecer: “No céu, no céu, com minha Mãe estarei”.


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