Pe. Antonio Reges Brasil

Pres32
Solicitado pela Sra. Patrizia Morelli, responsável pela edição do site do Colégio Pio Brasileiro, é com prazer que escrevo esta auto-apresentação aos que nos acompanham, de longe e de perto.

Faz exatamente um mês que tomei o avião em Porto Alegre, tendo chegado a Roma dia 17 de março pp. Não esquecerei a fraterna acolhida, desde o aeroporto, onde me aguardavam o Pe. Reitor e um grupo de colegas, que em seguida se ampliou no abraço hospitaleiro de todos os demais. Gostaria de expressar, antes de mais nada, um grande muito obrigado por essa acolhida tão generosa e amiga!

O convite para trabalhar aqui, substituindo Pe. Paulo Lisboa, SJ, no serviço de diretor espiritual, chegou por telefone, da parte de D. Belisário, arcebispo de S. Luís do Maranhão, no dia 30 de novembro de 2012. Estava em Encruzilhada do Sul, minha terra natal, participando da novena de Santa Bárbara, padroeira da Paróquia, e também visitando minha mãe, que lá residia. Tentava convencê-la a mudar-se para Pelotas, onde poderia acompanhá-la mais de perto. Seus 84 anos o exigiam. Eis que, de repente, tudo ganhou nova, surpreendente e inesperada perspectiva.

Pedi tempo para refletir, diante do Senhor, e também tratar do assunto com D. Jacinto Bergmann, arcebispo de Pelotas, com meu irmão e a mãe. Concordou, embora me informasse que o arcebispo já havia concordado com o pedido da Conferência, ainda em Brasília.

Transcrevo parte da correspondência que se seguiu a esse primeiro contato, em que narro alguns traços de minha história pessoal, naquilo que diz respeito ao que, não sem certo “temor e tremor”, estou assumindo.


De: PReges
Para: 'José Belisário Silva'
Enviadas: Sábado, 1 de Dezembro de 2012 14:07
Assunto: RES: Pio Brasileiro

D. Belisário,
Paz e Bem!

Obrigado pelas informações que me envia. O anexo tinha só uma página, ou ficou faltando alguma coisa? Recebi aquela onde estão o cronograma da transferência do Pio para a CNBB, e 3 pontos referentes à revisão dos estatutos. Fiquei com a sensação de que está incompleta...

Depois de nossa conversa por telefone, tenho rezado e refletido ininterruptamente sobre o assunto. Fui a Porto Alegre, conversar com meu irmão sobre a situação de nossa mãe, uma vez que havia acertado com ela sua mudança para Pelotas. Em Encruzilhada está distante tanto de mim como de meu irmão. No caso de minha ida para o Pio, teríamos de estudar um meio de garantir sua assistência. Ele não vê maiores dificuldades quanto a isso. O problema será convencê-la de que necessita de cuidadoras. É muito independente.

À noite liguei para Mons. José Augusto Mélo, de Maceió, um verdadeiro irmão e conselheiro que a Providência colocou no meu caminho. Animou-me a aceitar a proposta dessa verdadeira e surpreendente guinada em minha vida.

Assim, D. Belisário, sem esperar o dia 12, festa de N. S. de Guadalupe, quando planejei dar-lhe a resposta definitiva, antecipo meu sim, uma vez que o senhor já conversou com D. Jacinto e ele deu luz verde para o pedido da Comissão encarregada do Colégio. É com um certo temor e tremor que faço. A leitura das vésperas de ontem, (Santo André), em que o Apóstolo diz que Deus capacita os seus ministros, me encorajou. Confiado nele, que transforma em força minha fraqueza, sinto-me animado a assumir esse desafio.

Eu precisaria saber mais detalhadamente, para encaminhar a conversa com D. Jacinto, quando deveria viajar, se entendi corretamente que os jesuítas necessitariam do novo diretor espiritual já em 2013. Não sei como ele fará minha substituição na paróquia. Além disso, sou professor na Universidade Católica. Deveria definir minha situação em tempo hábil para que providenciem outro colega para minhas disciplinas sem prejuízo do novo ano acadêmico. Mande-me também, por favor, outras informações que o senhor julgar importantes para esse encontro com o arcebispo.

Passado o susto, começo a sentir a alegria de uma brisa ligeira. Quando o senhor me ligou, pensei que fosse um convite para pregar um retiro para o clero. Nunca poderia imaginar que o assunto fosse outro, aliás tão inimaginável!

Desejo-lhe de coração uma fecunda caminhada de Advento, e continuo contando com suas orações.

Grande abraço,

Pe. Reges


De: José Belisário Silva
Enviada em: sábado, 1 de dezembro de 2012 16:31
Para: PReges
Assunto: Re: RES: Pio Brasileiro

Padre Reges,
Paz e Bem!

Aleluia! "Deo gratias"! Sua resposta - positiva e pronta - iluminou minha tarde de sábado, véspera do 1º Domingo do Advento. Em nome da CNBB, lhe agradeço.
...
As informações que lhe enviei são só aquelas mesmo. Sim, parecem incompletas, pois estamos em processo de construção dessa nova fase do Pio. Especificamente sobre o trabalho de Diretor Espiritual, mando-lhe em anexo algumas observações feitas por padre Paulo Lisboa, SJ.

Que você tenha um feliz Advento. Um abraço,

+ J. Belisário

De: PReges
Para: 'José Belisário Silva'
Enviadas: Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2012 23:54
Assunto: RES: RES: Pio Brasileiro

D. Belisário,
Paz e Bem!

Muito obrigado pela reação ao meu e-mail, poética e tão rica espiritualmente. Eu também estou agradecendo a Deus por este chamado de volta a um trabalho que gosto de fazer. Ele me deu tudo o que sou através da Igreja, devo tanto à CNBB, aos Jesuítas... Que Graça maravilhosa poder ao menos tentar retribuir de algum modo!

Dediquei-me à formação por 22 anos, mais por teimosia de D. Jayme do que por capacidade minha, como membro da Equipe de Formação. No início como assistente, professor, diretor espiritual e nos últimos anos reitor do Seminário S. Francisco de Paula. Acumulei essas funções com a de diretor do Instituto de Teologia Paulo VI, que tive a honra de “batizar”, desde o seu início, em 88. Já o nosso seminário foi fundado por um santo bispo nordestino, D. Joaquim Ferreira de Mello, nascido no Crato. Veio para Pelotas em 1921, como segundo bispo diocesano. Era do clero de Fortaleza, de onde trouxe outros cinco padres que marcaram nossa Igreja. D. Joaquim legou-nos, com Mons. Souza, Mons. Queiroz, e os outros cearenses, antes da Lumen gentium e da Presbyterorum ordinis, uma herança abençoada do que significa testemunhar a “caritas pastoralis”.

Fiz minha tese, na Gregoriana, sobre a dimensão sacerdotal do ministério presbiteral, dialogando com Gustave Martelet, SJ., sempre pensando no desafio de meu trabalho e também em mim mesmo, em minhas perguntas pessoais sobre o ministério ordenado. Nesse período preguei retiros e dei cursos para mais de 1000 padres e seminaristas, Brasil afora. Essa atividade me proporcionou uma profunda experiência das dificuldades, das inquietudes, da generosidade dos nossos irmãos. Pois não é que agora que estava me preparando para uma “retirada estratégica”, voltando para a vida paroquial e para os estudos de filosofia e bioética, na Universidade, pois não é que justo agora me vem esta surpresa?! Meu diretor espiritual de sempre, não sei se o senhor o conhece, d. Paulo Moretto, bispo emérito de Caxias do Sul, sempre me disse nas mais diversas estações da vida: “é próprio de quem ama fazer surpresas. Prepare-se para as surpresas de Deus”. Claro que a gente não se prepara no sentido de prever, mas no de prestar atenção, colher o momento, e, no momento, saber apreciar o que o Amor nos oferece... Começo a saborear esta surpresa, D. Belisário!

Ainda não pude encontrar D. Jacinto, que está fora de Pelotas nestes dias. Aguardo o resultado de seu diálogo com D. Damasceno. Nós nos conhecemos em Roma, quando a Presidência da CNBB visitava os dicastérios da Cúria. Não sei se ele se lembra de mim. Em todo o caso, mando-lhe um abraço.

Não esqueça de me confirmar se entendi corretamente que o diretor espiritual iria ajudar os jesuítas antes mesmo de estar constituída a nova equipe, já em 2013. Se for assim, de um lado me alegrarei imensamente por voltar a trabalhar com João Roque. Ele era diretor do Colégio Anchieta, em Porto Alegre, onde comecei minha vida de professor em 1972... De outro, preocupa-me o volume de iniciativas que devo tomar para poder sair daqui em paz, ou seja, encaminhando bem esta saída.

Muito obrigado por sua atenção. Precisava conversar. Afinal, o senhor e meu irmão mais moço são as únicas pessoas que sabem desse assunto. Evitei ampliar para outras pessoas a conversa antes que tudo esteja acertado com o arcebispo e o conselho de presbíteros.

Envio-lhe um grande abraço!

Em comunhão de orações,

Pe. Reges


Passadas as primeiras semanas no Colégio, meu único desejo é o de servir. Repito hoje, aqui, do fundo da alma, diante do Senhor, a oração de Santa Tereza d´Ávila, que fiz, traduzindo e adaptando, no dia da ordenação diaconal (4 de outubro de 1974, na Capela de S. Damião, no Mosteiro das Clarissas, em Porto Alegre):

“Eu vos pertenço, e estou no mundo para vos servir.

Se me entreguei inteiro, como disporeis de mim?

Dai-me pobreza ou riqueza,

Dai-me saúde ou doença,

Felicidade ou abandono,

Vida suave, sol radioso,

Se me entreguei inteiro,

Como disporeis de mim?”


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