PONTIFICIO COLEGIO PIO BRASILEIRO
DISCURSO DO NOVO REITOR
CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA – MEMÓRIA DE SÃO JERÔNIMO
POSSE DA NOVA DIREÇÃO DO COLÉGIO

Roma, 30 de setembro de 2014



Eminência Reverendíssima, Dom Raymundo Damasceno Assis, Cardeal Arcebispo de Aparecida e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na pessoa de quem cumprimento demais membros da Presidência da CNBB e os Senhores Cardeais;

Excelência Reverendíssima, Dom Jorge Carlos Patrón Wong, Secretário para os Seminários na Congregação para o Clero, representante do Sr. Cardeal Prefeito Beniamino Stella, na pessoa de quem saúdo os Senhores Arcebispos e Bispos;

Reverendíssimo Pe. Adolfo Nicolás, Prepósito Geral da Companhia de Jesus, na pessoa de quem cumprimento os Padres Jesuítas e demais religiosos e religiosas;

Estimado Pe. João Roque Rohr, SJ, que tem hoje a alegria de coroar seu frutuoso ministério como Reitor do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, na pessoa de quem saúdo os membros de sua equipe de direção e os Senhores Reitores dos Pontifícios Colégios;

Reverendíssimos irmãos Presbíteros e reverendos Diáconos;

Excelentíssimo Senhor Denis Fontes de Souza Pinto, Embaixador do Brasil junto à Santa Sé e sua Senhora, na pessoa de quem cumprimento todas as autoridades civis aqui presentes e representadas;

Senhores Diretores ou representantes das entidades beneméritas;

Reverendas Irmãs Filhas do Amor Divino;

Estimados funcionários e funcionárias desta Instituição e seus familiares, leigos leigas que acorreram ao nosso convite;

Caríssimos membros da Comunidade Presbiteral do Pontifício Colégio Pio Brasileiro;


(1) Somos testemunhas de um momento histórico: a transferência dos cuidados do Pontifício Colégio Pio Brasileiro. Desde sua fundação, em 1934, este Colégio vem sendo cuidado, com esmero, pela Companhia de Jesus, formando formadores para a Igreja do Brasil. Agora a CNBB assume, com maior intensidade, esta exigente missão, nomeando uma nova equipe de direção.

(2) Reverendíssimo Pe. Adolfo Nicolás, S.J., somos muito agradecidos aos Padres e Irmãos Jesuítas que por aqui passaram e a todo esforço da Companhia de Jesus em cuidar, com tanta generosidade, desta importante obra. Deus haverá de recompensar à Companhia de Jesus por todo esforço aqui dedicado, multiplicando suas vocações. Aqui no Colégio Pio Brasileiro permanece uma saudosa e rica herança de sabedoria e santidade dos Padres Jesuítas.

(3) Estimado Pe. João Roque Rohr, meu Reitor e antecessor. Agradeço-lhe pela convivência respeitosa, sábia e prudente, seja no período em que residi nesta casa, na qualidade de doutorando, seja nesses últimos dias como aprendiz da “liturgia do cargo” de Reitor. A Palavra de Deus nos diz, no livro do Eclesiástico, que “Feliz é o homem que se ocupa da sabedoria e que raciocina com inteligência, que reflete, em seu coração, nos caminhos da sabedoria e medita em seus segredos” (Eclo 14,20-21). E acrescenta: “o homem sábio por suas palavras torna-se estimado” (Eclo 20,27). Muito obrigado pela largueza de seus generosos gestos de sabedoria, inteligência, fraternidade e bondade. Por tudo isso, o senhor é muito estimado por todos nós.

(4) Excelência reverendíssima Jorge Carlos Patrón Wong, Secretário para os Seminários na Congregação para o Clero, representante do Sr. Cardeal Prefeito Beniamino Stella. Muito obrigado pela sua benevolência em escolher o meu nome para confiar uma missão especial da vida da Igreja no Brasil, concedendo-me a honra de ser o primeiro não-jesuíta a dirigir os trabalhos desta casa.

(5) Excelência eminentíssima Dom Damasceno e membros da Presidência da CNBB. Agradeço-lhes pela confiança depositada em cada membro escolhido para a equipe de direção deste Colégio. Contamos com o apoio constante da Presidência da CNBB nesta desafiante missão. Somente um trabalho colegiado poderá gerar os efeitos esperados desta Casa de Formação de formadores.

(6) Reverendas Irmãs Filhas do Amor Divino, funcionários e funcionárias do Colégio, somos muito felizes por trabalharmos juntos, com alegria e dedicação nesta grande obra. Que Nossa Senhora Aparecida nos abençoe para cumprirmos com respeito e fidelidade a missão confiada a cada um de nós.

(7) Prezados convidados que nos honram com sua presença, vindos de tantas partes: cardeais, arcebispos, bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, leigos e leigas, autoridades civis. Muito obrigado pelo apoio e pelas orações. Os senhores e senhoras são sempre bem-vindos à nossa casa, um pedacinho do Brasil em Roma.

(8) Excelentíssimo Dom Paulo Mendes Peixoto, na sua pessoa agradeço as nossas Igrejas particulares pela oferta de um membro de seu Presbitério para realizar este serviço na direção do Colégio Pio Brasileiro. Recordemos aqui as Arquidioceses de Uberaba, Manaus e Pelotas, e as Dioceses de Oeiras e Treviso. Deus saberá recompensar-lhes por este gesto missionário de generosidade. Muito obrigado aos irmãos padres, diáconos e leigos vindos de Uberaba.

(9) O Documento 93 da CNBB – nos orienta que a motivação original da formação permanente é o crescimento da pessoa e o dinamismo evangelizador (cf. Doc. 93, 356). E adverte para que seja valorizado “o Colégio Pio Brasileiro, mantido em Roma pela CNBB para facilitar a realização dos estudos de especialização e pós-graduação por parte de candidatos idôneos e com comprovada experiência pastoral, considerando-se, especialmente, a qualidade e a variedade dos cursos oferecidos pelas universidades romanas” (Doc. 93, 386).

(10) Caríssimos irmãos da Comunidade Presbiteral do Colégio Pio Brasileiro. Todos vocês foram enviados pelos seus bispos a este Colégio, com a missão de crescer humanamente, intelectualmente e espiritualmente para fazer crescer as pessoas que lhes forem confiadas na formação. Santo Ireneu de Lião, já no final do segundo século, indicava que o homem perfeito é constituído de sarx, psiqué e pneuma. Busquemos juntos alcançar aquela “unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado de Homem Perfeito, a medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4,13), como nos exorta o Apóstolo Paulo. Estejamos certos de que aquele que começou em nós a boa obra há de levá-la à perfeição (cf. Fil 1,6).

(11) Dostoiévski nos relata, na sua magnífica obra “O Idiota”: “É verdade que o príncipe disse, uma vez, que a beleza salvaria o mundo? Meus senhores – gritou bem alto –, o príncipe afirma que a beleza salvará o mundo! (...) Que beleza salvará o mundo?” (Dostoiévski, O Idiota, Editorial Presença, 396.). O príncipe era “O idiota”, que, de alguma forma, representava o próprio autor. Idiotas aos olhos do mundo somos todos nós que acreditamos que “a beleza salvará o mundo”. Mas que beleza salvará o mundo? Seguramente – e estou convencido disto – a beleza que salvará o mundo é a beleza de uma estética mais perfeita, a beleza da solidariedade, da fraternidade, do amor que nos une e nos faz apaixonados pelo Projeto de Jesus Cristo e, por isso, nos colocamos no seguimento do Mestre, em comunidade. O Papa Francisco nos lembra que é preciso recuperar a estima da beleza para poder chegar ao coração do homem e fazer resplandecer nele a verdade e a bondade do Ressuscitado (cf. EG, 167).

(12) Fascinados por esta beleza, nos colocamos na Escola de Jesus para aprendermos dele o significado e a alegria do seu Evangelho. Somente assim terá sentido nosso processo de formação permanente. Caso contrário nossas ciências, filosofias, teologias, teses, títulos e diplomas serão vazios, como um mero “bronze que soa ou como címbalo que tine” (1Cor 13,1). Façamos, irmãos, de nosso Colégio uma Betânia, lugar de parada, como um kairós, para nosso encontro pessoal e profundo com o Senhor que nos une à sua missão, através de nosso ministério presbiteral e nos revela a verdadeira beleza que salva o mundo.

(13) A Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II, numa belíssima expressão, nos diz que Jesus Cristo, “na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime” (GS, 22), e é assim que podemos compreender que “o mistério do homem só se esclarece verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado” (GS, 22). Aqui viemos, nesta terra banhada pelo sangue dos mártires, para descobrirmo-nos a nós mesmos, no mistério do Verbo encarnado, e abrirmo-nos à nossa vocação mais sublime, que é atingirmos a plena humanização de nossa humanidade. Mais do que ser mestres e doutores, somos chamados a nos humanizar para atingir a beleza de nossa vocação mais sublime e sermos testemunhas da alegria do Evangelho. O Papa Francisco nos adverte: “Chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro” (EG, 8).

(14) Fortalecidos pelo apoio da Congregação para o Clero, pela orientação e pelo acompanhamento assíduo da CNBB, dos senhores bispos e suas respectivas dioceses, ajudados pelas beneméritas entidades que nos auxiliam e sustentados pela solidariedade e pelas orações de tantos cristãos, os membros da equipe de direção, que ora assumem os trabalhos desta casa, haveremos de prosseguir a missão empreendida até agora, com esmero, pela Companhia de Jesus, tendo a responsabilidade de formar presbíteros-formadores segundo o coração de Jesus, o Crucificado-ressuscitado, sob as luzes do Espírito Santo, contando com a intercessão de São José de Anchieta e o olhar materno de Nossa Senhora Aparecida. Assim seja!


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